quinta-feira, 29 de novembro de 2007

DIÁLOGOS DA DIASPORA

Capoeira com a damier e o bèlè na Matinica. Maculelê com o mayolè de Guadalupe. Capoeira com o benaden e o sovevayan em Guadalupe. Capoeiristas do Brasil com capoeiristas da Martinica e de Guadalupe. Os encontros dessas manifestações negras se deram no mês de novembro (de 5 a 14) de 2004 e foram proporcionadas pela la Maison du Bèlè da Martinica, Lê Centre des Arts e da Culture de Pointe-à-Pitre e Projeto Mandinga de Salvador, além da colaboração da Association des Mayolès du Moule/Guadalupe e da Union Guadeloupèenne de Capoeira. Oficinas, espetáculos, festas e muitas trocas de informações preencheram este evento internacional. Além de Sabiá, Cristal, Atoa, Tucano e Chipa capoeiristas do Mandinga, os Mestres Lua Rasta e Jogo de Dentro se fizeram presentes, e Frederico Abreu pelo Instituto Jair Moura que ficou responsável pela realização das palestras e registro dos encontros. Lances inesquecíveis aconteceram: de beleza impar, de profundidade humana e cultural. Tantos horizontes descortinados: quanta riqueza contida nas manifestações caribenhas vistas! Quanta nobreza preservada pelos seus mestres! Quanta admiração provocada pela capoeira! Quantos momentos de interface entre todas as manifestações presentes. Por causa da vastidão do mundo, da globalização e dos processos hegemônicos de poder, é politicamente progressista se enfatizar as diferenças culturais. Mas diálogos como estes da diáspora sugerem o quanto há de comum entre as culturas. A prova dos nove foi tirada: os praticantes das manifestações da Martinica e de Guadalupe e do Brasil dialogaram assimilando um a cultura do outro de forma muito tranqüila. E ficou demonstrada que além da semelhança da história social de todas elas, carimbadas pelas resistência à escravidão e outras adversidades de sobrevivência há outras semelhanças à vista na forma de se expressarem que proporcionaram as assimilações. A presença do Projeto Mandinga e o apoio do Instituto Jair Moura reforçaram o interesse dessas instituições em dar continuidade a eventos desta natureza que possibilitam o encontro da capoeira com outras “danças de guerra” e manifestações que com ela mantenham grau acentuado de parentesco cultural. Este interesse já tem história: o Projeto Mandinga já havia proporcionado interfaces da capoeira com a bássula de Angola, com o Moring da Ilha de Reunion, com a punga do Maranhão. E se Deus quiser vamos prosseguir nessa